Além de anunciar o lançamento de um satélite de uso exclusivo do governo para comunicações, o Brasil deve montar, até 2014, um centro de certificação de hardware
que possa evitar a utilização de equipamentos que tenham qualquer
brecha de segurança capaz de possibilitar espionagem. A medida é mais
uma ação do governo para impedir que casos como os denunciados por
Edward Snowden de espionagem norte-americana no país voltem a acontecer.
Esse centro de certificação deve funcionar mais ou menos como a
Anatel quando homologa aparelhos celulares, por exemplo, para a
utilização no Brasil. Uma instituição que selecione equipamentos seguros
para serem utilizados em redes brasileiras se mostra necessária
porque a indústria nacional ainda não consegue produzir todo o hardware
que é utilizado nessas estruturas. Assim, não há como o governo obrigar
todos os fabricantes a seguir determinado padrão nas linhas de
montagem.
O chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general
Sinclair Mayer, fez o anúncio da criação desse centro de certificação em
uma audiência pública na Câmara dos Deputados nesta semana, considerando que a instituição traria mais segurança para o país nesse sentido.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, também participou da
audiência pública e disse ter certeza que os EUA fazem um monitoramento
de dados na internet muito mais profundo que apenas a coleta de
metadados. Por conta disso, o ministro sugeriu que o Marco Civil da
Internet seja mais avançado nesse sentido.
Uma das mediadas que poderia ser incluídas nesse marco civil, segundo
Bernardo, é a obrigação para empresas de internet armazenarem seus
dados em data-centers em solo nacional. Assim, companhias como Google e
Facebook teriam que manter estruturas de rede no Brasil, longe do
alcance dos EUA. O ministro cita como exemplo a Alemanha, que decretou
uma medida semelhante após ser informada da espionagem norte-americana por lá.
O diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações
(Dsic), Raphael Mandarino Júnior, comentou na audiência sobre alguns
dados de tentativas de invasão e roubo de informações dos data-centers
do governo. Segundo ele, são algo em torno de 2,1 mil incidentes por
hora analisados por sua equipe. Fora isso, cerca de 60 casos mais graves
são encaminhados para um pessoal especializado resolver. Sendo assim,
não é possível ignorar as ameaças de espionagem. O diretor do Dsic comentou ainda que seu departamento, em parceira
com a Agência Brasileira de Inteligência, tem desenvolvido algoritmos de
segurança tão eficientes que já estão em uso há 12 anos sem nunca terem
sofrido qualquer quebra de código, mantendo as redes do governo em
segurança.
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