domingo, 18 de agosto de 2013

Brasil terá centro de certificação de hardware para evitar espionagem

Além de anunciar o lançamento de um satélite de uso exclusivo do governo para comunicações, o Brasil deve montar, até 2014, um centro de certificação de hardware que possa evitar a utilização de equipamentos que tenham qualquer brecha de segurança capaz de possibilitar espionagem. A medida é mais uma ação do governo para impedir que casos como os denunciados por Edward Snowden de espionagem norte-americana no país voltem a acontecer.
Esse centro de certificação deve funcionar mais ou menos como a Anatel quando homologa aparelhos celulares, por exemplo, para a utilização no Brasil. Uma instituição que selecione equipamentos seguros para serem utilizados em redes brasileiras se mostra necessária porque a indústria nacional ainda não consegue produzir todo o hardware que é utilizado nessas estruturas. Assim, não há como o governo obrigar todos os fabricantes a seguir determinado padrão nas linhas de montagem.
O chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general Sinclair Mayer, fez o anúncio da criação desse centro de certificação em uma audiência pública na Câmara dos Deputados nesta semana, considerando que a instituição traria mais segurança para o país nesse sentido.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, também participou da audiência pública e disse ter certeza que os EUA fazem um monitoramento de dados na internet muito mais profundo que apenas a coleta de metadados. Por conta disso, o ministro sugeriu que o Marco Civil da Internet seja mais avançado nesse sentido.
Uma das mediadas que poderia ser incluídas nesse marco civil, segundo Bernardo, é a obrigação para empresas de internet armazenarem seus dados em data-centers em solo nacional. Assim, companhias como Google e Facebook teriam que manter estruturas de rede no Brasil, longe do alcance dos EUA. O ministro cita como exemplo a Alemanha, que decretou uma medida semelhante após ser informada da espionagem norte-americana por lá.
O diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações (Dsic), Raphael Mandarino Júnior, comentou na audiência sobre alguns dados de tentativas de invasão e roubo de informações dos data-centers do governo. Segundo ele, são algo em torno de 2,1 mil incidentes por hora analisados por sua equipe. Fora isso, cerca de 60 casos mais graves são encaminhados para um pessoal especializado resolver. Sendo assim, não é possível ignorar as ameaças de espionagem. O diretor do Dsic comentou ainda que seu departamento, em parceira com a Agência Brasileira de Inteligência, tem desenvolvido algoritmos de segurança tão eficientes que já estão em uso há 12 anos sem nunca terem sofrido qualquer quebra de código, mantendo as redes do governo em segurança.


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